quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Figura "Z" na dissociação de quadril com coluna neutra.

Olá pessoal!
Como vão todos? Desejo que ótimos!

Faz tempo que estou armazenando alguns assuntos na minha cabeça que gostaria de compartilhar com vocês. Um deles é a importância da compreensão dos movimentos ortogonais no processo de aquisição da consciência do corpo em movimento – ou seja, do corpo vivo.

Quando movimentamos uma articulação num eixo fixo, a quantidade de informações que é recebida e emitida pelo cérebro, articulações e musculatura, são menores e mais constantes. Outra situação em que optamos por essa estratégia de reduzir o estímulo proprioceptivo através do estímulo a um movimento mais constante e linear é quando lançamos mão das cadeias fechadas: muitas vezes utilizadas para iniciar um aluno novato no repertório.

Mudando de assunto, um dos principais elementos que podemos ensinar aos alunos, estreitamente ligado à higiene postural, é a importância de aprender a dobrar, articular, permitir o deslizamento entre as juntas. Dentre todas elas, a do quadril, em termos de compreensão da estabilização da coluna neutra, nestes tempo de cadeiras, sofás e sedentarismo galopante, é a principal junta que deve ser despertada!

Seja em quadrupedia, decúbito dorsal, seja sentado ou em pé, é fundamental que a compreensão ativa desta articulação seja estimulada.
São várias as imagens que o professor pode lançar mão para esse despertar e muitas já foram compartilhadas aqui no blog: o fêmur que cava na bacia, os ísquios que são seus pés quando você está sentado, o fêmur que sinuca para dentro da articulação, entre outras.

Associada ao movimento ortogonal que eu falava no início da postagem, vamos hoje desenvolver a idéia da forma da letra Z que será estruturada no corpo através de três “retas” : a coluna neutra estabilizada, a coxa (fêmur) e a perna (tíbia e fíbula). Os ângulos se formarão nas articulações do joelho e quadril quando dissociarmos, flexionarmos essas juntas.
A idéia é chamar a atenção do aluno para este “Z” que irá se repetir em todos os decúbitos.

Em relação à coluna, quanto mais agudo os ângulos, mais importante a ação da musculatura dorsal e afastamento dos ísquios e quanto mais obtuso, mais ativação de centro para garantir a coluna neutra, Mas isso já é outra história.
A idéia aqui é que vocês notem a formação do Z, para que sempre chamem atenção do aluno , em qualquer decúbito, para visualizar e estimular este Z.

Desta forma ativamos os dorsais para manter a coluna, especialmente lombar, em sua extensão natural (lordose fisiológica).
Vejam as imagens acima para tentar visualizar.


Agora vamos treinar esse olhar em movimento utilizando as animações abaixo.
Quando Giovana, fisioinstrutora que não está mais conosco na equipe mas deixou saudades, está em pé, os ângulos quadril e joelhos são 180 graus, completamente abertos.
Quando ela começa a agachar, precisa, imediatamente permitir o deslizamento do fêmur no acetábulo e no platô tibial. Começa aí a formação do Z.
Quanto mais ela abaixa, mais precisa permitir o afastamento dos ísquios e o deslizamento do fêmur simultaneamente ao trabalho dos eretores espinhais para manter a coluna neutra e não sobrecarregar o joelho que, desta forma, pode perfeitamente fazer uma flexão completa para que ela chegue ao chão.




Uploaded with ImageShack.us

Em quadrupedia a figura do Z é bem nítida desde a posição inicial. Novamente ela tem que afastar os ísquios e, consequentemente, abrir as asas dos ilíacos, para permitir o deslizamento do fêmur.
De maneira geral relaxamos o assoalho enquanto acentuamos as flexões articulares e os ângulos do Z e aproximamos ísquios e elevamos assoalho pélvico enquanto abrimos os ângulos e ativamos mais o centro.
Cóccix também entra e se afasta num balanceio conforme o movimento vai e vem!




Uploaded with ImageShack.us

É isso aí! O que vocês acham de toda essa idéia? Beijos!

13 comentários:

Roberta Venanzoni disse...

Oi Silvia! Tudo certo!? Acho muito válida essa sacada do "Z"..Atento bastante meus alunos com relação ao fêmur cavar no acetábulo/quadril e vejo que realmente a fç do quadril de dobradiça é esquecida, perdida com os vícios do dia a dia. Sem essa maestria do quadril percebo que as asas do ilíaco, sacro e últimas lombares meio que se congelam, deixam o movimento um bloco pesado desligando MMII de tronco e vice-versa. Agora vou atentar mais à relação fêmur/tíbia.. pegar mais um pouco no "pé" dos meus alunos queridos! Um beijo Silvia...

Ana Paula disse...

Ao vizualizar o Z presente em tantas posições do Pilates, e isto eu não havia me dado conta ainda, me reportei rapidamente à questões práticas das minhas aulas. Refletindo pude constatar que muitas vezes solicito ao aluno o ângulo de 90 graus (articulação joelho, quadril e perna), principalmente decúbito dorsal em estabilização lombar.Pelo que entendi que você propõe é que o Z é uma posição mais naturalmente adaptável em busca da neutra e de novas atitudes posturais.
Grata Silvia por nos fazermos, através da cognição e do conhecimento, melhores profissionais .
Abraço,

Ana Paula.

Silvia Gomes disse...

Oi Ana grata você pelo belo comentário. "O Z é uma posição mais naturalmente adaptável em busca da neutra e novas atitudes posturais". Foi muito bem explicado.. obrigada! Você e a Roberta me interpretaram de um jeito muito claro, adorei!

Silvia Gomes disse...

Oi Roberta, tinha escrito seu comentáriuo antes mas não estava logada e não salvou...rsrsr Gostei muito da maneira que você descreveu a idéia do movimento pesado, sem articulação. Acho que você quis dizer em relação à conexão de MMII e tronco em relação ao "desligando MMII de tronco" , que se tornam um único bloco (daí o peso), Então poderíamos também dizer grudando, engessando soldando MMII ao tronco. Beijo e obrigada por participar!

Andréia Jaques disse...

Silvia, estou lendo todas as tuas postagens...desde as de 2007. Sou fisioterapeuta, recém-formada e vou começar a trabalhar com pilates no próximo mês. Estou cada dia mais apaixonada pelo pilates, e as tuas dicas tem me ajudado muito. Estou de mudança para o RS (moro na Bahia) e logo quero fazer um curso contigo. MAntenha esse blog dessa forma: recheado de amor e conhecimento. Obrigada!

Silvia Gomes disse...

Oi Déia, a receita é basicamente essa mesmo! Obrigada pela cia e bem vinda sempre. Fique à vontade, beijo!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Renata BatISTA disse...

Não sou adepta a palavras chulas rs. Mas só posso dizer que essa associação foi FODA! Fodástica... palavra criativa que uso para os grandes... Putz me veio uma viagem agora na mente. rs Com esse tal de Z!
Saudades Beijos!

Silvia Gomes disse...

Oi Renata, vindo de você o chulo virou chique e maravilhoso!! Beijos e obrigada!

Roberta Venanzoni disse...

Olá Silvia! Saindo do tema "Z" e entrando no tema "construção de aulas", que assisti uma prévia no 4°encontro de Pilates/SP.. me veio um questionamento. Vc nos ensinou a fluidez de aula, conteúdos que não podem faltar respeitando cada objetivo e individualidade e outras coisas mais... o que eu queria saber é se vc aconselha segmentar a aula, distribuindo os excc de forma sequenciada? Ou misturando a sequencia entre fortalecimento, mobiização, estabilização? Me proponho a fazer todos excc que envolvem estabilização na mesma hora na aula? Ou deixo um no meio, outro no fim? Não sei se consegui me expressar... Na vdd é se a sequencia do que estou fazendo te importância. AI Ai, espero que me compreenda! Obrigada, bjs

Silvia Gomes disse...

Oi Roberta, são elementos importantes os que você está considerando e fico feliz que você tenha ficado com eles em mente, afinal a idéia é sempre refletir e não sair com uma receita na cabeça. Geralmente nas aulas para alunos iniciantes os elementos do esqueleto ficam mais visíveis e nos alunos mais avançados eles se misturam cada vez mais pois a aula acaba contendo mais exercícios de integração de movimento. Na construção da aula como um todo é bom que ela apresente fluidez nas transições (sem mudanças do tipo levanta, deita, em pé, deita de novo, etc). Outro fator importante de se pensar é que a estabilização é a manutenção de uma estrutura parada. Em termos de coluna o interessante é mantê-la estabilizada organizada, então muitas vezes é bom mobilizá-la para que, depois, fique claro o que é para ser estabilizado. Um exemplo: uma bridge seguida de Femur arcs. Mas tudo irá variar de um aluno para o outro, conforme suas necessidades. Bem, não sei se esclareceu algo ou se coloquei mais minhocas na sua cabeça... rsrs b eijo!

Roberta Venanzoni disse...

Oi Silvia! obrigada por responder... Esclareceu sim, com alunos iniciantes digamos que a aula é bem redondinha para não se cansarem e perderem o ritmo e a fluidez. E para alunos avançados uma boa mistura de elementos instiga mais o aluno e o desafia, explorando uma mudança de foco e não seguindo uma sequencia diria! Bom, se ainda não for isso, oq uma quis dizer para outra, rsrs não faltaram oportunidades para novos encontros e esclarecimentos ao vivo!! Boa noite!, bjs

Silvia Gomes disse...

Oi Roberta, a d o r o suas interpretações... acrescentam muito, refazem, constroem a partir das minhas idéias dando mais corpo ao que digo! Obrigada por compartilhar seus pensamentos! Beijo grande!

Minha foto
Sampa, SP, Brazil
Mulher, mãe, professora de Ed. Física, instrutora de Pilates, uma apaixonada pelo movimento: o meu, o seu, o de todos nós, o de todas as coisas..