domingo, 15 de novembro de 2009

Centro de força - CORE: devemos mantê-lo ativado sempre?

Olá pessoal!

Estive no Rio recentemente através do convite de uma seguidora nossa aqui do blog, a Renata. Uma das dúvidas que apareceu por lá, e que costuma ser freqüente nos cursos, workshops e aulas que participo foi a seguinte: devo manter meu centro de força, meu CORE, ativado o tempo todo?

Aproveitei para colocar essa dúvida aqui no blog para pensarmos nisso juntos.

Uma forma interessante de começarmos a pensar sobre o assunto é a seguinte: quando vamos pegar um lápis sobre a mesa utilizamos certa quantidade de força. Se vamos pegar um copo, ou uma garrafa, também colocamos uma quantidade de força bastante específica para isso.
E quando erramos, por exemplo, quando vamos pegar algo que acreditávamos ser pesado e, ups!, tomamos aquele susto porque, na verdade, o objeto era leve. Tínhamos errado a medida de força.
Passando para um exemplo da mesma família, mas em outro grau de precisão, imagine aquelas meninas-atletas da Ginástica Rítmica, que jogam para cima uma bola, dão três cambalhotas, dois rodopios e, na hora exata que a bola vai cair, lá está precisamente colocada sua mão para recebê-la! Uau!
Da mesma forma deve ser a ativação do nosso centro.
Se estivermos deitados, com nossas pernas apoiadas no solo, sem nenhuma sobrecarga querendo tirar nossa coluna do lugar, para que vamos contrair o abdômen?
A ativação do nosso centro de força é proporcional à alavanca feita por nossos membros, ou pelo posicionamento do nosso tronco, em relação à nossa coluna.
Se estivermos deitados com uma perna no solo e a outra elevada a 45º, temos certa alavanca acontecendo em relação à coluna vertebral que estimula uma ativação do centro para manter a coluna livre de sobrecargas. Se elevarmos a segunda perna, ou começamos a estender uma delas, quanto maior a distância em relação ao centro, maior a alavanca e, conseqüentemente, maior a será a ativação da musculatura do CORE para manter a coluna estável.
É a mesma história da força que usamos para pegar o lápis...


Vamos visualizar a idéia com esse exemplo de dissociação de membros superiores. Se estivermos com os braços ao longo do corpo, sobre o solo, não existe sobrecarga para a coluna. Quando elevamos os braços e começamos a flexionar os ombros a estabilidade da nossa coluna é desafiada. Na primeira imagem o centro está desativado, solto e a coluna sai do solo (observem a zona das costelas) entrando em extensão devido à alavanca dos braços.
Na segunda foto o centro é ativado e, ainda que os braços desafiem a estabilidade da coluna, ela não é sobrecarregada. Vejam como a relação da coluna com o solo permanece estável.

Outra coisa importante de lembrar é a seguinte: observem o desenho da musculatura de uma pessoa que malha comparado com uma que não faz atividade física. Geralmente a pessoa que faz atividade tem um tônus muscular mais alto. E esse tônus garante uma proteção do aparelho locomotor e um número maior de fibras musculares disponíveis para serem utilizadas nos gestos motores.
Uma pessoa mais forte faz menos esforço para carregar sacolas do que uma completamente sedentária.
Isso também deve ser levado em conta. Uma pessoa que trabalha seu centro de maneira eficiente e regular terá, naturalmente, sua coluna mais protegida, sua postura mais organizada, fazendo um menor esforço para isso.

Lembrem-se sempre que tudo pulsa no nosso corpo e no universo: o coração, os pulmões, as ondas do mar, as medusas.. Nada fica todo tempo contraído, senão fadiga! É preciso alternar contração e relaxamento, momentos de ação e de passividade, momentos de trabalho e de lazer.
As coisas da vida são muito semelhantes, tanto física quanto psicologicamente. O ideal é procurar manter o equilíbrio.

Beijo grande, Silvia.

9 comentários:

Patricia disse...

Oi Silvia, estava ansiosa por mais umas palavras suas. Espereia a semana toda hihihi. Gostei muito do conteúdo e principalmente da parte final que dá para levar para o nosso dia a dia (trabalho e descanso). Vc fala do período do relaxamento e contraçao, seguindo esta idéia tenho uma dúvida em relação as fase dos movimentos e a associação da respiraçao. Quando expiramos devemos contrair mais o abdominal, e quando inspiramos devemos relaxar?? Ou mantem-se sempre ocnstante suave contraçao? Obrigada
Beijos
Patricia

Silvia Gomes disse...

Oi Patrícia, eu acredito que nada deve estar todo o tempo contraído. Conforme divago na postagem, as forças se alternam e utilizamos mais ou menos conforme a nossa necessidade. Em relação à respiração, dá uma olhada nesta postagem http://pilatespaco.blogspot.com/2008/03/inspirar-relaxar-recolher-expirar.html
e veja se ela é esclarecedora. Se ainda persistirem dúvidas me conte e tenatrei esclarecer. Beijo, silvia.

Puro Movimento Estúdio Pilates disse...

Oi Silvia...

Tento acompanhar seu blog todos os dias, infelizmente nem sempre dá tempo de ler todas as postagens...
Mas queria deixar registrado aqui os Meus Parabéns pelo seu trabalho e principalmente pela sua dedicação com o Método Pilates.
Semana que vem irei a Balneário Camboriu fazer seu Workshop e finalmente poderei te conhecer pessoalmente e trocarmos experiências.
Um abraço
Priscila Gawadryn

Silvia Gomes disse...

Oi Priscila, obrigada, faço tudo com muito prazer..rsrs
Que bom que irá para Balneário e poderemos conversar e estudar pessoalmente. Beijo, Silvia.

Patricia disse...

Oi Silvia, li a postagem que me falou. Realmente ajuda muito, vou começar a pensar mais nos movimentos, e variar conforme a necessidade dos alunos.
Em relação ao movimento feito no Reformer de adução de pernas com 1 amarela. Tenho feito o padrão de inspiração ao abrir e expirar ao fechar. E verifico muitas vezes que ao abrir eles perdem muito a conexão do centro. Devo mudar o padrão da respiração neste exercicio ou mantenho sempre o abdominal contraído?
Obrigada mais uma vez
Beijos

Patricia

Silvia Gomes disse...

Oi Patrícia, como você mesma escreveu, é importante variar conforme a necessidade do aluno. Quando falamos em decúbito dorsal com dissociação de MMII temos, geralmente, uma alavanca imediata na coluna. Daí a "regrinha" da respiração para alunos mais iniciantes.
Não é o caso de quando estamos em pé. Nessa situação apresenta-se mais uma perda de alongamento axial. Cada caso é um caso, cada situação diferente da outra. Estimule seus alunos, durante o exercício mencionado, a manter um bom alinhamento da coluna utilizando todas as dicas que você tiver. Observe como eles respiram para conseguir isso durante o exercício. Provavelmente essa será a melhor forma. Beijo, Silvia.

Renata Batista disse...

Querida Mestre! Viu que esse lance de "core total 100% contraído" virou moda! Ufa to suando para mudar esses padrões com meus alunos, o meu acho q já melhorou bastante em relação ao curso... Relaxar e contrair faz toda diferença! Prerciso de mais ajustes mais chego lá! Beijos e bom feriado!

Silvia Gomes disse...

Oi Renata! Que bom então que as coisas estão "äfrouxando" um pouco por aí.Beijo!

Anônimo disse...

Oi Silvia sempre que dá tempo leio suas postagens e muitas das dicas utilizo em meu trabalho nunca tendo tido a oportunidade de realizar um curso com você! Mas como a Renata mesma disse virou moda essa questão de contrair 100% o core. Assim eu aprendi no curso que fiz e repasso para meus alunos...por isso me veio a dúvida: quando relaxar então? E com o relaxamento a coluna dele não se desestabilizará? Grata pela atenção!

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Sampa, SP, Brazil
Mulher, mãe, professora de Ed. Física, instrutora de Pilates, uma apaixonada pelo movimento: o meu, o seu, o de todos nós, o de todas as coisas..