quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

As Cadeias do Estúdio: Fechada, Pseudo-fechada e Aberta.

Olá pessoal!

Meu último post aqui no blog gerou uma dúvida em uma de nossas seguidoras, a Denise. Ela me perguntou a respeito das cadeias e resolvi colocar o esclarecimento de sua dúvida em uma postagem para podermos compartilhar mais esse conhecimento.

Segundo a Physio Pilates trabalhamos em estúdio com três tipos de cadeias:

Cadeia fechada – corresponde ao trabalho com descarga de peso em uma estrutura fixa. Por exemplo, o footwork na Reformer é um trabalho clássico de cadeia fechada. Outro exemplo é um agachamento em pé como o Assisted Squats segurando nas molas. De maneira geral a cadeia fechada é o ambiente mais estável e seguro do estúdio e permite, além disso, que se utilize, caso seja interessante, uma maior sobrecarga, através de maior resistência das molas.

Importante lembrar que estar em pé no solo é uma situação de cadeia fechada.

Cadeia pseudo fechada - é uma situação aonde nossa base de suporte, seja de pés ou mãos, nossa descarga de peso, acontece numa estrutura que se move em um eixo fixo. Um exemplo é o da postagem anterior, o footwork no Trapézio/Wall. A barra torre tem um movimento que acontece num eixo fixo.
O pedal da cadeira também é uma cadeia pseudo fechada. Importante observar o exercício que está sendo feito para classificar a cadeia. Por exemplo; sentado na Cadeira fazendo o Double Leg Pump (trabalho de pernas) a descarga de peso está no pedal, em cadeia pseudo fechada. No Lunge (famoso Castro Alves em Salvador) a cadeia é mista pois a perna da frente, descarrega seu peso no assento, em cadeia fechada e a perna de trás, apoia-se no pedal, em cadeia pseudo, desafiando a estabilidade da bacia.
Num Hamstring III como na foto, o desafio da organização dos membros superiores acontece em uma cadeia fechada, pois as mãos estão sobre o assento fixo da cadeira. No entanto a maior ou menor assistência das molas, facilitando ou dificultando essa organização, se dá através de uma cadeia pseudo, já que se transmite pelos pedais que empurram pés, pernas, tronco.

Num trabalho de Long Strech na Reformer, seja de joelhos ou com pés apoiados, as mãos estão em cadeia fechada e os pés/joelhos em cadeia pseudo, já que o carrinho da Reformer se move dentro de um trilho. Em geral essa situação é mais desafiadora que as de cadeia fechada por gerarem maior instabilidade.

Cadeia aberta - é a mais instável e a que exige um maior controle do centro. Estamos falando, por exemplo, do trabalho com molas, seja de pernas ou braços. Não existe uma referência estável para os membros que se movem, apenas para os pontos fixos do corpo ( o apoio das costas no solo por exemplo).
Trabalhos de cadeia aberta são muito mais desafiadores e exigem (desenvolvem também) uma consciência corporal mais apurada.
Interessante observar que na Reformer o trabalho com cordas vai variar de cadeia conforme for sua utilização. Por exemplo: uma corda apenas, como um trabalho de manguito, é cadeia aberta. Quando utilizamos as duas cordas, como numa extensão ombros por exemplo, ou qualquer trabalho de pernas, estamos falando em cadeia pseudo, já que uma corda depende da outra e devemos deixar as duas tensas.

De qualquer maneira, seja a cadeia escolhida, lembrem-se sempre que esta é mais uma referência, mais um tipo de classificação que podemos utilizar no ambiente de Pilates a nosso favor e a favor do cliente. Para ele que seja o mais adequado a sua necessidade, para nós como mais uma referência didática e metodológica.

Por exemplo: observe se você não tem insistido demasidamente em um tipo único de cadeia ou, por outro lado, se não é mais interessante para determinado cliente optar pelo mesmo tipo de cadeia variando a máquinas. Lembre-se que, de uma forma ou de outra, é importante variar os estímulos pois isso proporciona diferentes vivências e, consequentemente, novas decobertas corporais.

Apenas procure sempre ter clareza do porquê de suas escolhas.

É isso aí! Qualquer dúvida, vamos compartilhar. Beijo.

29 comentários:

Renata Batista disse...

Ela me faz tão bem... rs Demais! Teacher muito boa essa explicação, não posso deixar de comentar hahaha!
Beijos!

Carol Dias disse...

Excelente post. Bela discussão. Já havia observado mas você soube xplicar muito bem (como sempre) a questão das cadeias. Muito bom para o instrutor poder visualizar sim de que forma determinado aluno pode ser trabalhado e saber que hora pode-se arriscar em outras cadeias. Bjoos.

Silvia Gomes disse...

Olá garotas! Obrigada pelos elogios e ficou MUITO feliz de vocês terem aproveitado!Beijos.

Puro Movimento Estúdio Pilates disse...

Oi Silvia...Ótimo texto....descreveu exatamente o que a Physio Pilates ensina...adoro trabalhar pensando nas cadeias, e gosto de explicar para os alunos a importância dessa progressão dos exercícios de cadeia fechada, para pseudo e por último para aberta...acho q o aluno aprende muito melhor os movimentos do seu corpo nessa ordem de evolução.
beijos!
Pri

Silvia Gomes disse...

Oi Pri! Que bom que você aproveitou o texto. Apenas vamos destacar que as cadeias abertas podem ser utilizadas para alunos novos também como forma de estímulo e trabalho possível. As cadeias são só uma classificação mas não necessariamente uma hierarquia. Existem diversas possibilidades de desafios, dentro das diversas cadeias. Beijo grande Silvia.

Puro Movimento Estúdio Pilates disse...

Sim com certeza...concordo plenamente...mas prefiro ensinar na primeiras aulas cadeia fechada como footwork, na outra aula feet in straps ou footwork with tower bar, para depois ir para Leg spring series que exige muito mais estabilidade de centro, principalmente para os alunos que vem com lombalgia...mas claro que cada caso é um caso..não é uma regra...depende do perfil do aluno.
beijos e obrigada!
Pri

Silvia Gomes disse...

É isso aí Pri! o bacana é isso mesmo, a gente discutir, pensar, trocar idéias. Beijos!

Anônimo disse...

Silvia, muito obrigada pela explicação. Esclareceu bastante as minhas dúvidas. Estarei fazendo o meu TCC envolvendo o Pilates para pacientes com artrite reumatóide e foi uma dúvida que surgiu, até mesmo onde eu posso começar. Então vou começar em cadeia fechada, assim estbelecendo mais segurança. Mais uma vez digo Parabéns pelo blog é de uma grande inspiração de determinação e esclarecimento. Muito obrigada!! Bjos

Denise disse...

O comentáeio acima é meu, esqueci de colocar o meu nome.rssr Bjos

Marcia Shapira disse...

Ola! Como sempre, os seus textos são muito interessantes e eh muito bacanda ler os comentários tambem.
Me veio em mente mencionar que para cada cadeia existe uma linha de progressão dos exercícios, como por exemplo, side arms series sentado ou de joelhos.
Com relação a classificação das cadeias, no que diz respeito ao trabalho de quadril, eu tenho a impressão que o trabalho com as molas no trapézio, muito embora seja classificado como cadeia aberta e supostamente mais difícil de estabilizar o centro,dá uma sensação de suporte maior do que com as cordas no reformer para um iniciante e eh extremamente efetivo no fortalecimento dos abdominais, extensores de quadris e facilita bem a dissociação dos quadris.O que vc observa com seus alunos?

Silvia Gomes disse...

Oi Denise! Obrigada pela participação. Denise fique atenta que no trabalho com pessoas que tem artrite reumatóide é importante trabalhar nas diversas cadeias e com MUITO cuidado. É fundamental que você fique atenta ao feedback do aluno: o que ele te conta durante a aula e o resultado depois da aula. É necessário que se faça um blend perfeito entre compressão e descompressão para que haja lubrificação articular e fortalecimento. Não estabeleça idéias fechadas em termos de cadeias ou qualquer outra coisa. Ofereça estímulos que causem bem estar. E lembre-se que não pode haver muita sobrecarga articular. Uff! é realmente um dos trabalhos mais delicados. Boa sorte, beijos.

Silvia Gomes disse...

Oi Marcia, tudo bem. Concordo plenamente com você sobre as cadeias e as hierarquias. O ambiente de Pilates é múltiplo e um exercício em cadeia fechada pode ser muito mais desafiador que um em cadeia aberta. Aí outras classificações tem que ser levadas em conta.
Leg spring series no trapézio/wall/prancha de molas, como você citou, com a alça e mola em um pé apenas e a outra perna flexionada com pé apoiado no solo é um excelente trabalho para iniciantes para desenvolver a propriocepção coxo-femoral (dissociação de quadris, peso do sacro no solo, limite de alongamento isquiotibiais, afrouxamento dos fexores quadril). Você está corretíssima e como eu disse: cada caso é um caso. Essa classificação das cadeias, assim como outras, serve para ajudar a organizar os pensamentos e opções e não para estabelecer receitas. Beijo e obrigada pela contribuição.

Anônimo disse...

Olá Silvia, acompanho seus textos e adoro! Muitas vezes você aborda assuntos e dúvidas que me vieram a mente recentemente! Gostaria apenas de compartilhar uma experiência: observo que trabalhando Leg Spring Series nas molas unilateralmente obtenho um resultado bastante satisfatório na estabilização da pelve, principalmente em iniciantes e quando a consciência corporal é um fator limitante. O que vc acha deste tipo de abordagem? Obrigada e abç. Myle

Silvia Gomes disse...

Oi Myle, acho que postamos nossos comentários exatamente ao mesmo tempo.. rsrsrs. Leia o comentário da Márcia e, em seguida, minha resposta, ambos bem acima de seu comentário. Cito o leg spring series unilateral como exemplo de trabalho em cadeia aberta excelente para iniciantes. Beijo.

Denise disse...

Valeu Silvia, eu decidi fazer pq eu apresento a doena (Artrite reumatóide) mas de forma mais branda. E percebi quando eu fiz o curso foi de uma melhora enorme, rsrs. O quanto o método Pilates é rico, eu adorei! pra começar se tem a respiração q é uma forma ótima de se concentrar e ao mesmo tempo relaxar, enfim estou com dois fera de orientador e co-orientadr e estamos planejando uma forma da aplicação com o Pilates em artrite reumatóide! espero q de certo! rs E mais uma vez muito obrigada pela atenção, a gente se fala! Bjos

Silvia Gomes disse...

Oi Denise, me coloque nessa parada também..vou adorar participar!Beijos

Silvia Gomes disse...

Denise, você viu esta postagem: http://pilatespaco.blogspot.com/2008/09/artrose-nas-mos-sugestes-de-trabalho.html
Dá um look, tem algumas sugestões bacana. Beijo,

Densie disse...

OIII!! Valeu!!! Nossa adorei o artigo. E era uns dos assuntos que eu estava pensando em abordar. Estamos pensando em Comparar a marcha dos pacientes após exercícios de agachamento e Metodos Pilates, queremos abordar os dois métodos nos pacientes, acreditamos q os dois métodos tem grandes benefícios!!! Te mando depois o meu projeto e os resultados, pq queremos q seja divulgado para as pessoas terem mais conhecimento do quanto é importante a atividade físisca!!! Estou ainda montando, mas te passo tudo!
Obrigada!!!

Silvia Gomes disse...

Oi Denise.. dei uam viajada.. qual dois métodos você diz? beijos.

Denise disse...

Quero aplicar dois métodos o de exercícios de agachamento e o de exercícios de Pilates, a gente acredita que vai ter grandes resultados pra marcha!!
Bjos

Patricia Lobo disse...

Oi Silvia, este assunto de cadeias cinéticas dão o que falar hihi.
Queria te perguntar quando vc diz no exercício Lunge na chair "cadeia mista", vc quer dizer que este exercício tem elementos de cadeia fechada e aberta ao mesmo tempo?? Ou quer dizer pseudo fechada??
Tenho ouvido muito isso, por exemplo de um movimento ser cadeia fechada para braços e aberta para pernas, e realmente isso pode-se considerar mista. E realmente existe diferença na nomenclatura se formos pensar bem, em classificar como pseudo (que naõ é completamente fechada) e mista ou combinada (fechada e aberta).
Este assunto me deixa complexada hihi.

Obrigada
Beijos

Silvia Gomes disse...

Oi Denise. O que não entendo é essa classificação do Agachamento como um método. Existem agachamentos no repertório de Pilates. Os originais feitos em pé com assistência das molas: são os squats. Por isso minha dúvida. Beijos!

Silvia Gomes disse...

Oi Patrícia, vamos relêr, com calma, o trecho da postagem que fala no Lunge:
No Lunge (famoso Castro Alves em Salvador) a cadeia é mista pois a perna da frente, descarrega seu peso no assento, em cadeia fechada e a perna de trás, apoia-se no pedal, em cadeia pseudo, desafiando a estabilidade da bacia.

O que chamei de mista no caso, é o que você está chamando de combinada: fechada para a perna da frente e pseudo para a perna de träs.

Beijo.

Patricia Lobo disse...

Oi Silvia obrigada pela antenção.
Eu entedi bem esta frase do Lunge, mas minha dúvida é se para vc existe 4 tipos de classificação.
Pois, eu acho que existe, a cadeia aberta; cadeia fechada; cadeia pseudo-fechada e a cadeia mista.
Concordo plenamente nos exemplos que deu sobre a aberta a fechada, só que quando realmente vc fala em mista e pseudo eu fico baralhada hihih.
Então se puder me ajudar a entender agradeço.Vou dar um exemplo para vc ver se concorda, Mermaid no Reformer um braço esta fixo e impõe pressão na barra para empurrar o carrinho e outro esta livre e movimenta por cima da cabeça para inclinar lateralmente o tronco, ou seja, um braço esta em cadeia fechada e outro em aberta, e isso seria uma combinação, uma mistura de duas cadeias (cadeia mista), o que achas?

Agora a pseudo-fechada, pelo que entendi é que não +e uma cadeia verdadeiramente fechada, existe algum elemento que é falsamente fechado (pseudo), como no caso do movimentos que vc citou (Footwork no Trapézio).
Se puder compartilhar sua opinião obrigada

Beijinhos

Silvia Gomes disse...

Oi Patricia, tudo bem? Na realidade na teoria que a Physio Pilates utiliza e eu sigo, existem apenas as 3 cadeias que descrevi na postagem: aberta, pseudo fechada e fechada. Não existe cadeia mista.
Conversando com Selma França, Educadora da Physio, ela disse que devemos focar nossa atenção sempre na estrutura que está sendo desafiada.
Por exemplo, no Lunge a cadeia é pseudo, pois é através do MMII que apoia no pedal que a força de assistência é transmitida e a organização do quadril desafiada.
No exemplo que você deu da Mermeid a cadeia é fechada (aliás, empurramos bem pouco a barra ..rsrsr) pois ali está a descarga de peso.
Se formos considerar o Membro livre como cadeia aberta, sempre teremos que nomeá-la em todos os exercícios, pois quase sempre há um braço/perna livre.
O mista foi por minha conta.. firme sua atenção nas 3 nomeadas. Beijos.

Patricia Lobo disse...

Olá Silvia, Ok vou focar nestas 3 cadeias. E quando os exercicios forem no solo, como Hundred (cadeia aberta);Quadruped (pseudo fechada; Single leg stretch, Roll up, como posso pensar nestes movimetnos? Devo sempre pensar nos membros inferiores e superiores né?

Obrigada e beijos

Silvia Gomes disse...

Oi Patrícia. Segundo meus conhecimentos, de maneira geral, não pensamos em cadeias em exercícios de solo. Mas vou procurar saber mais e qualquer coisa te falo! Beijo, Silvia.

Denise Maia disse...

Bom dia Silvia Tudo bem?, eu acabei viajando, esqueci um pouco do computador!srsr e agora estou fazendo os estágios da faculdade, então estou naquela correria. desculpa eu não ter respondido a sua pergunta. estou mandando este comentário, mas´tb é pra pedir um favor. Quando eu fiz o curso do Pilates, não aprendi sobre os agachamentos no Pilates, apesar que depois fui pesquisando e vi alguns exercícios. Agradeço a sua dúvida, pq podemos enfatizar no trabalho... existe algum material onde eu possa pesquisar mais sobre os squat no Pilates? Eu ainda estou procurando pacts, montando ainda o pré projeto, então os exercícios ainda não estão finalizados, porém resolvemos fazer exercícios no reformer e no solo... percebi que tenho que pensar em exercícios que enfatizam a musculatura para a marcha... mas ainda estamos finalizando sobre isso... vc poderia me ajudar sobre o squat, se poderia me indicar algum livro ou artigo com que eu possa colocar no tarbalho? Obrigada pela atenção. Bjos!!!

silvia gomes disse...

Oi Denise, cabei não te respondendo né... foi mal!!
Então comecei agora uma série de postagens sobre o agachamento, a primeira está postada no blog. Nos links que dou como fontes, tem autore super interesantes que trabalham com agachamento. Dá uma olhada, beijos.

Minha foto
Sampa, SP, Brazil
Mulher, mãe, professora de Ed. Física, instrutora de Pilates, uma apaixonada pelo movimento: o meu, o seu, o de todos nós, o de todas as coisas..