sábado, 10 de outubro de 2009

Cintura escapular e braços: os anéis interno e externo




Faz algum tempo que ando rabiscando idéias no meu caderno, visitando Kapandji, Beziers, para fazer uma postagem sobre braços. O assunto é bem complexo.
A aula de Alexander Bohlander na Conferência me deu um empurrãozinho de coragem, porque ele nomeou uma estruturação de braços/cintura escapular que eu percebo e utilizo, mas quando vemos um bam-bam-bam nomeando dá uma firmeza maior pra gente compartilhar.

De qualquer forma o assunto será matéria prima para várias postagens .

Quando estamos em pé ou sentados sem utilizar os braços, ou mesmo quando trabalhamos com eles sem flexão de cotovelos, é interessante que possamos encontrar uma sensação de longo. Vamos pensar e experimentar esse longo.

Prática: inicie com os braços soltos ao lado do corpo como mangas de paletó pendurado na cadeira. Inspire suavemente pelo nariz e, enquanto expira, deixe que os braços subam pelas laterais, um pouco a frente do corpo. Imagine que seus braços são elevados de baixo para cima por água, como se fosse uma banheira que vai enchendo devagar e suspendendo os braços.
Enquanto seus braços sobem flutuantes, pesados, suas escápulas descem levadas para baixo pelo próprio peso do braço. Os ombros estão completamente macios.
A partir do crânio o pescoço forma uma grande pista de skate ou tobogã, se preferirem, que irá terminar nas mãos, pois “cada feixe do trapézio se prolonga em um feixe do deltóide” (Piret e Beziers)
Vamos deixar as mãos e os cotovelos relaxados.
Imagine que seu braço é um tubo.

Quando estendemos demais o braço travando os cotovelos, é como se apertássemos o tubo no meio (imagine a idéia num canudinho de refrigerante) impedindo o fluxo de energia e força de fluir por ele.
Quando chegar com os braços na altura dos ombros verifique novamente seu posicionamento um pouco a frente do corpo e a sensação da estrutura que pesa para baixo.

Imagine um olho no centro de cada palma de suas mãos, um olho em cada parte interna dos seus cotovelos e olhe com todos, inclusive os originais, para frente.
Pense que seus braços que bóiam na água têm um fio preso no olecrano (a ponta do seu cotovelo) e que o fio suspende levemente seus cotovelos por trás para que os olhos mirem para frente.
Essa posição, geralmente, leva à sensação de mobilização neural.
Se quiser enfatizá-la, inspire suavemente e, enquanto expira deixe que seu cotovelo empurre o olhos da parte anteiro para frente. O olécrano avança um pouco enquanto o úmero segue enraizado na glenóide, escápulas para baixo e a palma da mão suave para frente.

Relaxe um pouco e retome a posição. Agora, do dorso de sua mão direita, passando pelo antebraço, olécrano, todo seu braço, suas costas, escápulas abertas e tranqüilas, seu outro braço, até o dorso de sua mão esquerda forma-se uma grande casca ampla e suavemente arredondada.

Pela ponta dos seus dedos da mão esquerda, passando pela palma da mão, pele branca do antebraço, olho interno do cotovelo, braço, clavículas espaçosas e todo o mesmo percurso até a mão esquerda forma-se outra casca.

Conecte as duas cascas anterior e posterior pela ponta de seus dedos. Imagine todo o percurso formando este grande semicírculo, espaço nas costas e peito. Alongue a nuca, relaxe pescoço e mandíbula, línhgua solta dentro da boca. Mova suavemente o pescoço para os lados em gestos pequenos.

Respire e deixe toda a estrutura pesada para baixo.
Bohlander chamou essa parte anterior (supinadores, bíceps, peitoral) de anel interno e a parte posterior (pronadores, tríceps, serrátil, grande dorsal e rombóides) de anel externo.

Quando mantemos esta estrutura em mente e a trazemos para as mais diversas situações, fica mais fácil e claro organizar braços e cintura escapular.

O exercício das fotos lá de cima é o Hug a Tree feito na Reformer com resistência (uma mola amarela) com apenas um braço. O outro age como se tivesse a mesma resistência. Importante, nesse caso, será (além de posicionar-se adequadamente sobre os ísquios, coluna longa, etc) prestar atenção no posicionamento dos braços e na dinâmica dos anéis internos e externos. Abra e feche os braços pensando neles, nos espaços da frente e de trás do corpo, nos anéis. Mantenha-os presentes e suaves: as escápulas mantém o espaço entre elas quando os braços se abrem e as clavículas se mantém longas e livres enquanto os braços se aproximam. Imagine que na parte anterior do corpo os braços se originam na esterno-clavicular, daí os anéis.



Gosto de continuar a série fazendo a rotação do tronco. Fica aí a sugestão.
É delícia!

Experimentem e me contem. Beijo, silvia.

3 comentários:

Renata Batista disse...

Parabéns! Mais um belo post, vou ler ele mais umas 3x (rs), e tentar fazer essa viagem com meus alunos!

Silvia Gomes disse...

Valeu Rê! beijos

Renata Batista disse...

Certas coisas não tem preçooo! Sílvia este blog, é mara... E vc já sabe, mas ler o blog pós-curso, é tudo! Pois vc mostra todas essas sensações na prática, é uma tecla mais que SAP... Espaço Pilates é um manual de sobrevivência! Continue com esse trabalho lindo, muitas inspirações para vc, o Curso no RIO foi tudo de bom. Meu presente de natal! rs Sou mais que sua seguidora aqui, sou sua discípula viu.... rs

bjs!

Minha foto
Sampa, SP, Brazil
Mulher, mãe, professora de Ed. Física, instrutora de Pilates, uma apaixonada pelo movimento: o meu, o seu, o de todos nós, o de todas as coisas..